Dossiê - Capitão América

Steve Rogers, Capitão América e Primeiro Vingador. Um dos personagens mais icônicos da Marvel foi desenhado pela primeira vez no início do século XX por Jack Kirby, no entanto a sua criação se deu pela mente de Joe Simon. O desenvolvimento do super-herói ocorreu durante o estopim da Segunda Guerra Mundial, portanto não se trata de um mero acaso tudo o que representa o personagem, seus emblemas e cores. Tais símbolos foram escolhidos propositalmente por seus criadores para que fosse um personagem de cunho político.

O herói teria como fundamentos morais os valores patrióticos da América e seu principal objetivo seria a derrota do regime nazista e seu líder, Hitler. Tanto é que a primeira capa publicada do Capitão América, o retratava dando um soco em Hitler, cena que ficou muito conhecida no universo dos quadrinhos.

Sabendo disso atualmente nos parece muito sensato, já que se tem conhecimento de todas as atrocidades cometidas pelo governante na época. No entanto, para explicar a polêmica que envolveu a criação desse herói e sua afronta direta contra regime nazista é preciso dizer que quando a história do Capitão América foi publicada, ainda não se sabia o que viria se passava no governo alemão, a informação era escassa e os Estados Unidos ainda não tinha entrado para a Segunda Guerra Mundial.

Com o ataque à Pearl Harbor, o país deixou sua neutralidade e se posicionou ao lado dos Aliados, após o ataque os Estados Unidos passou a enxergar os quadrinhos como uma forma de difundir ideais políticos e fazer com que as pessoas conhecessem Hitler como o vilão mundial. Além do Capitão América outros heróis surgiram nessa época com o mesmo objetivo, no entanto o Primeiro Vingador liderou a venda de quadrinhos da época, atingindo uma média de 1 milhão de cópias por mês. A popularidade do Herói decolou após algumas adaptações no visual do Capitão, como por exemplo o acréscimo do escudo que mais tarde se transformaria no maior símbolo do soldado, que prosseguia sua luta por igualdade e liberdade.

No que se refere as adaptações, as primeiras filmagens não faziam jus aos reais valores do herói, portanto os planos de realização do filme "Capitão América: o Primeiro Vingador" se provaram um grande desafio, já que havia a grande pressão popular composta pelo recente lançamento do carismático Tony Stark e a problemática do Incrível Hulk. Além disso, a grande questão era: como explicar um herói de valores antiquados em um mundo moderno? A Marvel tomou uma excelente decisão ao elaborar um roteiro iniciado pela história real de Steve Rogers, um americano sedento por defender seus valores, mas um homem franzino demais para assumir um posto no exército.

Essa apresentação inicial provoca no espectador uma empatia com o soldado, de modo que se compreenda as escolhas do personagem depois do soro que o transforma em um super-herói. Dessa forma, a Marvel conseguiu demonstrar não apenas o Capitão América como um símbolo, mas também como um veículo de divulgação ideológica caricata, que se assemelhou muito com a real origem do personagem nos quadrinhos.