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"Luca", um filme sobre inclusão e autoconhecimento

  • Foto do escritor: Cintia da Silva
    Cintia da Silva
  • 19 de ago. de 2021
  • 3 min de leitura

Monstros marinhos também precisam de amigos!

Luca, o novo filme da Pixar, tem uma história divertida e leve, que de muitas formas surpreendeu o telespectador. Temos um vilarejo italiano, onde a principal fonte de renda é a pesca. E Luca, uma espécie de monstro marinho, que vive com sua família nos arredores desse povoado. Para os humanos, o mar é um mistério cheio de possibilidades, já para os peixes, a superfície pode significar o pior dos perigos.

Luca é coberto por escamas verdes e uma cauda, sua rotina se resume ao pastoreio de peixes, trabalhando para os pais, que o proíbem de ir além da superfície, dando-lhe argumentos de que os humanos seriam monstros intolerantes que não aceitariam Luca com suas diferenças. O que o menino não imagina é que ele também assume a aparência de um humano quando se coloca fora da água.

Ele conhece Alberto, um monstro marinho que passa boa parte do tempo na terra, vivendo disfarçado como humano. É quando Luca descobre sua semelhança com as pessoas que seus pais tanto temem.

Os dois se tornam amigo e passam a brincar juntos, construindo ambições para o futuro.

Dirigido por Enrico Casarosa, a animação é descontraída, trazendo personagens originais e interessantes, com questões e sentimentos humanos para enfrentar, como a curiosidade, o medo do desconhecido, a ambição, o rompimento da proteção familiar e a tentativa de ser incluso. Assim como todos os filmes da Pixar, Luca ultrapassa a camada da animação divertida e adentra a profundidade de questões mundanas sobre as quais todos nós passamos durante a vida.



Toda a história gira em torno do autoconhecimento do pequeno monstro marinho, como ele lida com sua recém descoberta vida fora da água e o castigo aplicado por seus pais. Apenas nesse ponto já é possível nomear um ponto muito interessante: a repreensão dos pais de Luca. O menino sofre com sua curiosidade e posteriormente com as novidades da superfície, as quais precisa guardar para si. Quando os pais descobrem suas excursões até a terra, decidem mandá-lo direto para as profundezas do mar, um castigo inimaginável para o menino. Assim, Luca se sente encorajado e foge para viver na superfície.

Além do mais, o filme trata sobre a superação do preconceito com a convivência com o diferente. É o caso de Giulia, menina que se torna amiga dos de Alberto e Luca. Ela é filha de um pescador, acostumada com a ideia de criaturas marinhas serem caçados e vendidos como troféus. O próprio pai de Giulia desenvolve um afeto especial por Alberto, superando alguns de seus preconceitos.

Toda a trama possui cenas interpretadas como tentativas de inclusão. Luca e Alberto assumem uma forma humana, diferente do que seria sua natureza, para poderem se encaixar naquele vilarejo. E talvez essa atitude seja muito familiar para a maioria de nós. Afinal, é muito comum que nos "moldemos" para sermos aceitos em algum grupo social, escondendo nossas verdadeiras formas por medo da exclusão.

O diretor do filme contou algumas de suas inspirações para produzir a animação. A amizade dos protagonistas foi inspirada em uma relação real de sua infância com um garoto chamado Alberto, que perdura até hoje. O lugar em que Enrico cresceu possui muitas histórias de monstros marinhos, de onde veio sua ideia de um reino submarino, aliado com a premissa de que "amizades mudam vidas". Com o elenco formado e uma rica pesquisa de campo por regiões da Itália, a produção do filme foi extremamente desafiadora, já que tomou forma durante o lockdown. Inclusive algumas cenas foram gravadas dentro de um closet e em uma cozinha.

Luca é uma animação espetacular, tanto por seus cenários ricos como também por sua camada reflexiva.





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